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Saúde financeira x saúde emocional

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Ansiedade, insatisfação no trabalho e problemas no relacionamento familiar. Todos esses aspectos são pontos de partida para a inadimplência, que muito afeta a atual vida financeira dos brasileiros.

Alguns sentimentos e emoções são como um gatilho para o consumo desenfreado. É o que diz a pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), de 2016. Em um universo de 745 consumidores entrevistados, 36,3% admitem que o ato de fazer compras é uma forma que eles encontram para aliviar o estresse do cotidiano, e quase a metade dos consumidores (47,7%) admitem fazer compras para se sentirem bem. O problema é quando esse consumo em excesso gera dívidas a longo prazo e deixa a conta no vermelho.

O sentimento de vazio e de falta, logo é preenchido em uma rápida ida ao shopping. Sem pensar muito, grande parte das pessoas olha a vitrine e acha um produto legal, bonito ou que está na moda. Às vezes confere o preço, às vezes não. Fato é que sentem uma rápida necessidade daquele produto e, ao comprá-lo, mesmo que dividindo em várias vezes no cartão de crédito, sentem um enorme prazer e satisfação. Isto é o que chamamos de consumismo, o ato de comprar produtos e serviços sem necessidade ou consciência.

Consumismo

Este fenômeno está cada vez mais intenso em nossa cultura e é diretamente impactado pelo avanço da tecnologia. O cartão de crédito e as compras online, por exemplo, são facilitadores, uma vez que permitem a compra sem sair de casa e sem atingir o bolso de uma só vez, dando a sensação de que o produto é barato ou que, por ser parcelado, terá que pagar pouco por mês. De fato, isto é uma vantagem da utilização do serviço, principalmente no caso de compras a longo prazo, para realização de sonhos ou gastos emergenciais. Mas é fato também que, de pouco em pouco, as dívidas crescem e o controle financeiro se torna cada vez mais difícil.

De acordo com a especialista em terapia cognitivo-comportamental e professora de psicologia econômica da UniAbrapp, Luciane Fagundes, a compulsão por compras ocorre ao longo do tempo, de forma que uma compra impulsiva por vez, de maneira excessiva, se torna repetitiva até dominar a vida da pessoa. “A compulsão ocorre por uma combinação de fatores como predisposição genética, vulnerabilidades psicológicas (como falta de autocontrole e incapacidade de tolerar frustrações, por exemplo), associados a fatores ambientais como pressão social e apelo ao consumismo. A compulsão por compras é um caso extremo, um transtorno mental e necessita de tratamento especializado, pois quando o “barato” para comprar chega a este ponto, pode custar muito “caro” para a saúde mental e financeira. Aliás, como se pode perceber, a saúde das nossas emoções anda de mãos dadas com a nossa saúde monetária”, explica.

Como não cair na tentação?

Saber diferenciar os desejos das necessidades é crucial para não cair no autoengano. Os desejos são “o que eu quero”, enquanto as necessidades são “o que eu preciso” mas, muitas vezes, a vontade é confundida com o que é essencial. Por isso, sempre ouvimos ou falamos frases como “preciso trocar de carro”, ou “preciso dessa nova versão de celular” quando, na verdade, você quer, e não precisa. Por isso, Luciane alerta: “desejos fazem parte da nossa vida, mas a nossa sobrevivência não depende deles. Portanto, devem ser consumidos com cuidado e responsabilidade”. Para ela, é possível lidar com o impulso, sim. “Uma das estratégias de redução de danos que se pode utilizar é esperar a fissura passar com a ajuda de técnicas de distração como, por exemplo, ler um livro, assistir a um filme, ligar para um amigo ou dar uma volta. Afinal, segundo estudos, esta “necessidade” repentina dura de dois a cinco minutos”. Outra técnica, segundo a psicóloga, mais radical, é deixar o cartão de crédito em casa, mas, de preferência, congelado em um copo com água no freezer. “Até ele descongelar, a fissura já passou”, diz. Parece absurdo, mas para quem realmente sofre de compulsão, pode funcionar.

Cuidando do orçamento

A fórmula básica para o planejamento financeiro todo mundo já sabe: receita maior que despesa. Ou seja, você deve gastar menos do que a quantia que recebe. Mas, a verdade é que poucas são as pessoas que conseguem colocar em prática. Então, mesmo para quem já está no vermelho, a psicóloga econômica deixa a dica: faça um check up financeiro. Saiba como está a saúde do seu bolso. Se falta reserva para imprevistos ou para o futuro. Ou ainda, se as dívidas são recorrentes. Se ainda não analisou, seja por medo de encarar a realidade, ou por falta de entendimento, busque um especialista, ou troque ideia com um amigo ou familiar que entenda mais sobre finanças e possa te ajudar. O importante é cuidar da saúde física e emocional, sem esquecer da financeira!

*Artigo publicado originalmente na Revista Lume/Forluz, nº 19/dez 2018, com contribuição de Luciane Fagundes, psicóloga e consultora da Mirador Atuarial.

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